30 outubro 2007

A importância dos líquidos ao longo da vida


15 outubro 2007

Calinadas na TV - Episódio 15


Já todos, por mais do que uma vez, se deliciaram com aquelas pessoas que afirmam, com ar muito convicto, que, por causa de um acontecimento mais ou menos relevante, a sua vida deu "uma volta de trezentos e sessenta graus".

Normalmente, isto acontece naquelas entrevistas de rua, ou nas "flash interview" (muito na moda) após um jogo de futebol.

E, invariavelmente, as pessoas vão à sua vidinha, sem suspeitarem que a vida delas afinal só tinha dado uma volta de cento e oitenta graus, ou então tinha ficado na mesma (nem sei mesmo se os jornalistas não fazem de propósito para cobrir as pessoas de ridículo).

Mas enfim, lá vamos vivendo com a coisa.

O pior é quando a frase não é proferida por pessoa indiferenciada, mas por uma pessoa com responsabilidades, como é o caso de Carlos Anjos (presidente da ASFIC - Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal - PJ) que, um dia destes, comentando para a SIC Notícias o facto de os jornais ingleses terem mudado de atitude para com a Polícia portuguesa, dizia que "de facto, a posição da imprensa inglesa deu uma volta de trezentos e oitenta graus".

Sim, leram bem. O 360 já deu o que tinha a dar. O 380 é que está na moda agora. É que é uma volta inteira e mais um bocadinho.

Nada mau, pois não?

Agora, coincidência das coincidências é que eu estive um dia destes a ver o "Filme da Treta" (que não tinha visto no cinema) que, como se sabe, é uma fonte inesgotável de expressões deste tipo e lá estava: a certa altura, o Zézé dizia qualquer coisa como "eu vi a luz e a minha vida deu uma volta de 380 graus". Isso mesmo, 380.

Qualquer dia, isto já nem é calinada nem nada.

02 outubro 2007

Calinadas na Rádio - Episódio 9

Ouve-se por aí um anúncio (suponho que do "Jornal de Notícias") em que se oferecem, na compra do jornal, cartas de jogar com imagens dos craques do futebol.
Até aqui tudo bem.
Mas como se trata de futebolices, o anunciante achou graça a parodiar com aquelas conhecidas frases, como "a bola é redonda", "são onze de cada lado", "tudo pode acontecer", etc.
Vai daí decidiram aplicar as frases aos jogos de cartas. Assim, ouve-se um entrevista a um suposto craque da "Sueca", que diz, ofegante: "Guardei os trunfos para o fim, joguei a "Manilha", depois o Ás. Sabe como é: são cinquenta e duas cartas, quatro naipes e tudo pode acontecer".
Pois pode, mas não sei é em que jogo é que pode acontecer, porque não há jogo nenhum que se jogue com 52 cartas e em que se possa jogar a "Manilha".
Para quem não sabe, no jogo da "Sueca" e noutros jogos conhecidos em Portugal, a "Manilha" é o sete (não existem as cartas oito, nove e dez) e trata-se da segunda carta de maior valor em cada naipe. A ordem é : Ás, "Manilha" (ou "Bisca" ou sete), Rei, Valete (mais conhecido por "Conde"), Dama (ou Sota - aqui também há diferenças, porque a Dama não está imediatamente a seguir ao Rei), Sena (Seis), Quina (Cinco), Quadra (Quatro), Terno (Três) e Duque (Dois). Há grande semelhança entre os últimos termos (Sena a Duque) com os usados no Dominó.
O problema não tinha solução: usando a "Sueca", ou qualquer outro jogo normalmente praticado em Portugal, não podiam referir-se a 52 cartas; usando outro qualquer jogo (com 52 cartas), a maioria da população não perceberia o anúncio.