10 janeiro 2006

As horas

Eu tinha um Vídeo. Digo "tinha um" porque há já bastante tempo que tenho dois.

Quando o primeiro avariou, comprei outro e, verificando que a avaria não era de reparação dispendiosa, decidi reparar o antigo, passando o novo a residir no meu quarto e o velho na sala.

Este Vídeo tinha uma particularidade comum a muitos da época (tem agora cerca de 12 anos): quando está ligado mostra o contador da cassete e quando está desligado mostra o relógio.

Bom. Até aqui tudo bem.

Acontece que a minha mulher, que sempre nutriu uma profunda antipatia pelo funcionamento do aparelho (coisa que não se compreende lá muito bem, porque não pode ser mais difícil do que a programação da máquina de lavar roupa), alegando que o que sabe fazer já não é nada pouco (verdade) e que não a diminui em nada o não saber operar o vídeo (verdade) embirrava frequentemente por não conseguir ver as horas no aparelho quando ele estava ligado e, em vez de pedir simplesmente "Desliga o Vídeo" optou por usar uma das frases (hoje já clássicas) lá da casa: "Põe nas horas".

Quando da arrumação das decorações de Natal no passado Sábado, e sem se perceber muito bem porquê, o Vídeo velho avariou novamente (e desta deve mesmo ir para o lixo).

Ontem ao jantar, o meu filho sentou-se à mesa e disse: "Apá (que sou eu), o que é feito do local das horas?".