04 julho 2005

I.U.R.D. (Igreja Universal do Reino do Disparate)


Vocês viram as últimas da Conferência Episcopal Portuguesa?

Pois é, não contentes com as críticas às medidas adoptadas pelo Governo para tentar resolver a crise orçamental, ainda vieram pronunciar-se sobre a educação sexual nas escolas.

Segundo os nossos Bispos, “devem os pais intervir na definição dos programas e na selecção dos professores que leccionam a disciplina, já que o respeito pelos alunos não permite a utilização de jogos e de outras estratégias, como o desempenho de papéis, que excitam a imaginação e exploram sensações de forma manipulatória, ferindo a sensibilidade e a dignidade dos alunos, e não respeitando a sua intimidade e pudor.”

Bonito.

A seguir, quando se aperceberem de quais são os tipos de pais com maior capacidade de intervenção nestas questões (e do que quererão fazer da disciplina) são bem capazes de se arrepender e, quem sabe, propor que a educação sexual seja um exclusivo das aulas de Religião e Moral e das sessões de Catequese, de preferência leccionadas por um padre, com a frescura que se lhes tem vindo a reconhecer a este nível.

Ao que isto chegou. Com esta mania de meter o nariz onde não são chamados (evitando, providencialmente, metê-lo onde já o deviam ter há muito) é de prever que a Conferência Episcopal Portuguesa, no final da sua próxima reunião, venha, em conferência de imprensa, comunicar as suas conclusões acerca:

- da arte de bem estrelar um ovo em toda a frigideira;
- dos melhores lugares de estacionamento à hora da missa;
- do detergente que efectivamente lava mais branco (e esta tem segundo, terceiro, quarto e quinto sentidos);
- do quanto é condenável conduzir um veículo privado num corredor BUS;
- do número de calorias, proteínas e sais minerais presentes numa hóstia consagrada e numa não consagrada;
- dos tarifários de telemóvel mais adequados para chamadas de longa distância (sempre útil nos momentos mais angustiantes em que não há um padre disponível).