27 outubro 2006

Grandes Portugueses



Não vou aqui comentar a razoabilidade ou não da existência do programa, nem a forma como tem vindo a ser publicitado e apresentado. Não. Este post é muito mais prosaico do que isso.

É que já fiz a minha escolha, e não há melhor local do que este para a expor.

Curiosamente, lá em casa, todos tinham uma resposta na ponta da língua:

  • o meu filho escolheu instintivamente D. Afonso Henriques, o que até se compreende, dada a apetência dos mais pequenos para apreciarem as grandes batalhas e os heróis da pancadaria;
  • a minha bicicleta (ou bibiclete?) escolheu, também sem hesitações, o Marquês de Pombal, o que igualmente faz sentido, porque se há coisa que hoje em dia dê cabo da paciência a um santo é a forma como os problemas teimam em perdurar no tempo sem que alguém se esforce por resolvê-los, e lá resolver problemas era com o Marquês;
  • a minha escolha, que de resto até agora parece ser só a minha, recai em D. Dinis.
E porquê esta escolha?

Porque me parece que, em todos os casos em que existem processos de reconquista, existe o grave risco de, terminada a presença do inimigo, surgirem as lutas fratricidas, e tal não aconteceu em Portugal.

Existem muitos exemplos, mas o mais claro é até o bíblico: após quarenta anos de caminhada no deserto após fuga do Egipto, o povo hebreu, regressado à sua terra, deparou com a mesma ocupada por outros povos; quando correu com todos, a apetência para andar à chapada era tanta que começaram as lutas entre si, de tal forma que, quando o inimigo entrou por ali dentro, nem deram por ele, e quando se aperceberam já tinham sido desterrados para a Babilónia.

Pois, mas com D. Dinis, nada disso se passou. Os Mouros foram-se embora? Então vamos cultivar o país, explorar minas, criar mercados e feiras e aperfeiçoar a legislação vigente. Hoje em dia seria claramente apelidado de rei cobarde, porque só raramente se envolveu em escaramuças com Castela e, logo que foi possível, acabou com elas, bem como com uma má relação com a Igreja.

Se me falam dos descobrimentos como berço fundamental dos maiores portugueses, eu pergunto: quem criou a universidade para que se pudessem desenvolver os estudos necessários à navegação? E de onde foi retirada a madeira para as naus e caravelas senão dos pinhais mandados plantar por D. Dinis?

Pois é. Não tenho dúvidas. E de resto, parece que nem Deus teve dúvidas de que D. Dinis era um Rei bom, pois decidiu brindá-lo com uma esposa santa. Há quem defenda que o milagre das rosas consistiu em tentar esconder do Rei que a Rainha ajudava os pobres, o que dá uma imagem má do Rei. Mas na verdade, o receio do Rei era apenas que, entre os pobres, se dissimulassem salteadores que pusessem em causa a segurança da Casa Real.

E pronto. É isto. Ainda não votei, nem sei se vou votar. Mas não me importava nada de saber quais são as vossas escolhas. Digam qualquer coisa.

16 outubro 2006

Momento Monty Python - 7

The Society for Putting Things on Top of Other Things

Toastmaster: Gentlemen, pray silence for the President of the Royal Society for Putting Things on Top of Other Things.

Sir William: I thank you, gentlemen. This year has been a good one for the Society. This year our members have put more things on top of other things than ever before. But, I should warn you, this is no time for complacency. No, there are still many things, and I can not emphasize this too strongly, not on top of other things. I myself, on my way here this evening, saw a thing that was not on top of another thing in any way.

Voice: Shame.

Sir William: Shame indeed, but we must not allow ourselves to become too despondent for we must never forget that if there was not one thing that was not on top of another thing our Society would be nothing more than a meaningless body of men that had gathered together for no good purpose. But we flourish. This year, our Australasian members and the various organisations affiliated to our Australasian branches put no fewer than twenty-two things on top of other things (applause). Well done, all of you. But there is one cloud on the horizon. In this last year our Staffordshire branch has not succeeded in putting one thing on top of another. Therefore, I call upon our Staffordshire delegate to explain this weird behaviour.

Mr. Cutler: Er, Cutler, Staffordshire. Um... well, Mr Chairman, it's just that most of the members in Staffordshire feel... the whole thing's a bit silly (cries of outrage).

Sir William: Silly? SILLY? (pauses and thinks) Silly! I suppose it is, a bit. What have we been doing wasting our lives with all this nonsense? Right, okay, meeting adjourned for ever.

09 outubro 2006

Elementar, meu caro Putin


Ó Vladimir, estás à rasquita, não estás?

Meio mundo desconfia que mandaste matar a criatura (a tal qualquer-coisa-kaia) e a outra metade tem a certeza.

Pois bem, cá vai a receitazinha para te safares desta.

É tão simples como isto: um das balas com que a senhora foi alvejada foi encontrada na cabeça, não foi?

Pois foi. E todo o mundo sabe que um tiro na cabeça só pode ter uma de duas origens possíveis:

- tiro desferido por um GNR numa perseguição a pé, quando apontava para as pernas
- tiro desferido por um GNR numa perseguição automóvel, quando apontava para os pneus

Ora, assim sendo, estão os culpados descobertos.

E já te safei de uma quantidade de chatices.

Ficas a dever-me uma.

06 outubro 2006

Pérolas da Publicidade - Episódio 4

Este post não é para gozar.

Pelo contrário, trata-se de um spot extraordinário.

Visitem http://www.ad-awards.com/inc/video.swf?id=30 e deliciem-se.

P.S. - Tu não, Pi, que caíste no caldeirão quando eras pequenina.

P.P.S. - O que pode ter sido na semana passada.

04 outubro 2006

Calinadas na Rádio - Episódio 7

Ontem, ouvi na TSF uma notícia segundo a qual o Instituto do Sangue recusa dadores homossexuais, mesmo que se comprove serem saudáveis, o que provocou, naturalmente, reacções negativas várias.

Questionado pela TSF, o responsável pelo Instituto do Sangue desvalorizou a questão, atribuindo o facto à existência ainda em circulação de impressos antigos, segundo os quais os funcionários devem perguntar aos putativos dadores se, e passo a citar, "tiveram relações homossexuais com outros homens".

Estou para ver como reagiriam a uma resposta masculina do tipo "não, tive relações homossexuais, mas foram todas com mulheres".